3.6.08

Ironic

Um Dia de Primavera, cerca das 17h, Estação dos Comboios.
O dia chegou ao fim rapidamente e invulgarmente bem.
Estava um Sol e um calor do caraças.
Com todas estas razões, não pude deixar de envergar um olhar aberto, um passo confiante e um sorriso estúpido daqueles que só se costuma ver nas crianças no dia de Natal ou nos tolinhos em geral. Tinha nas orelhas os headphones usuais que tocavam uma qualquer música de Jamiroquai.
Tudo corria lindamente.
Saindo da estação tinha a clara ideia que nada, nem ninguém me podia estragar este belo dia. Em piloto automático e olhando para cima e para a frente, escutava também a harmoniosa melodia de um pássaro, numa árvore à direita, a cantar. Pelo canto do olho direito, por momentos, notei uma forma acastanhada a planar na minha direcção.
"Ah um pardali-" tentei ainda pensar não fosse o dito "pardalinho" dar uma de kamikaze espetando-se contra a minha mochila.
Dei uma volta, olhei para o chão para tentar localizar o dito mas nada encontrei.
"Coitadinho, já voou", pensei, ignorando o facto do bicho se ter eclipsado em menos de 2 segundos e lá continuei num passo bem apressado.
Ultrapassei a multidão de gente que, estranhamente se desviava para me deixar passar não sem antes me lançar um olhar de estranheza.
"Não me importa hoje vai ser um dia a 100%!"
Parei entretanto na passadeira. Esperei sem qualquer tipo de pressa, calmamente. Olhei então para a esquerda, não vem ninguém. Virei a cabeça e olhei para a direita: Na estrada ninguém, no meu ombro...

o mundo parou

a menos de 5 cm da minha cara,
o suposto pardalinho
olhava para mim com uma calma aterrorizante...

No meio da passadeira, com dezenas de pessoas a assistirem à cena, decidi então quebrar com o espírito hippie que me tinha possuído por esse dia num breakdance improvisado, sacudindo, contorcendo, tremendo, gritando e guinchando numa sucessão de falsetes de fazer inveja ao Mika. Na melhor das hipóteses, como um verdadeiro louco.
Felizmente lá me consegui desfazer do dito bicho mas não exactamente da imagem ou sequer do som sólido que de tão pesado que era e que fez quando aterrou. Cheguei a casa ainda a tremer e só consegui adormecer depois de um duche bem demorado.

Moral da história?
Nem sei.

6 Comments:

João Roque said...

Não é que o bicharoco fosse muito agradável, mas devo confessar-te que se fosse um pardalito mesmo, eu teria morrido de susto, tal a fobia que tenho aos pássaros (cada doido com a sua mania).

Voyager said...

LOL!
Realmente se faz voos kamikaze, é muito provável que NÃO seja uma ave... Nojo! Detesto insectos...

Moral: os animais são nossos amigos. lolo

zehtoh said...

LOL! coitadinho do bicho que achou que eras uma alma gentil que lhe daria abrigo... :P

Eu teria feito o mesmo... ou pior ainda, se fosse um gafanhoto daqueles enormes, castanhos :s

Mário said...

pinguim, então sendo assim como te dás com os teus homónimos? Afinal são aves!
Ou a fobia limita-se aos voadores?

Abraços

Mário said...

Voyager, acho que essa dos voos kamikaze já me ficou impressa na mente.
Mas por razões óbvias acho que ela decidiu reprimir a memória tendo em conta o calafrio que me corre a espinha sempre que penso no assunto...

Já agora: Os animais são nossos amigos (com excepção dos insectos nojentos-que-decidem-apanhar-boleia-connosco)

Abraços

Mário said...

zeh, estava tão contente que só me apetecia saltar então eis que me salta para cima o bicho mais saltitão de todos.
Caso para dizer que "like attracts like" but that doesn't mean it'll be something you like!

PS: Foi, de facto, um gafanhoto castanho e gigante o protagonista da história. Pelo menos assim parecia quando ele decidiu aparecer assustadora e surpreendentemente perto da minha cara...